Notas sobre intensidade.

 


Eu sou uma pessoa intensa, demorou um pouco para me dar conta disso e aceitar isso em mim também.

Por muito tempo eu achei que ser dessa forma fosse um defeito, um problema que eu tinha que dosar e resolver. E eu tentei realmente, mas eu não sei ser de outra forma, porque a minha intensidade não é como algo externo que eu possa retirar, ela faz parte de quem eu sou, faz parte da minha essência, ela flui em mim. 

Tirar a minha intensidade seria como me tirar um órgão. É como eu funciono, é como eu lido com as coisas da vida, como eu enxergo o mundo.

Há algum tempo eu conheci a palavra "vivenciar" e ela fez todo sentido para mim, porque mais do que viver, vivenciar algo é você realmente estar presente e entregue ao momento. Vivenciar é: viver com intensidade. 

E tudo que eu me proponho fazer eu realmente me entrego. Me dou por completo porque eu não sei ser metade, morna, ou meio-termo e nunca gostei de ser "café-com-leite" kkkkk.

A escrita acompanha por muito tempo a minha vida, eu sou uma pessoa dos diários, confesso não ter muita periodicidade neles mas sempre que algo me marca o bastante eu preciso escrever sobre. Alguns desses textos acabam vindo parar aqui no blog como uma forma de exteriorizar aquilo que estou sentindo. O que é engraçado, porque as vezes eu viajo por esses textos e me "reconecto" em alguns momentos. Em um deles eu falava sobre intensidade, sobre como quando eu falava que gostava de algo ou alguém era genuíno, real e intenso, não era e nunca fui uma pessoa de meias verdades. 

Estava escutando um podcast que amo, chamado "Para dar nome as coisas" da Natália Sousa, e refleti sobre algo que ela disse. Tem pessoas que são como piscinas, outras como o mar e algumas como uma banheira. Tem lugares que a gente entra e se sente encharcada e tem lugares que a gente entra e preenche tanto aquele espaço, que ele chega a transbordar. Como se aquele lugar não nos coubesse, porque estamos "vazando" por todos os lados. 

Como uma amiga me disse (autora maravilhosa desse blog também), tem algumas pessoas que vão querer entrar na água com a gente, só que eu vou querer nadar até o fundo e talvez para a outra pessoa só cabe até a margem. 

E está tudo bem não ser intensa como eu sou, tudo bem ficar só até a margem se é ali que te cabe. Mas eu vou querer ir além, e a minha intensidade não é algo que eu possa me despir antes de entrar na água. 

Então, eu não posso mergulhar em lugares rasos onde a minha intensidade não cabe, não é bem-vinda.

A questão não é a forma que se sente (ser intensa ou não), e tampouco é o sentir. O problema é não comunicar o que se sente e como sente. 

Tirar a intensidade de mim é como me mutilar, tirar uma parte de quem eu sou. E como tirar uma parte de algo que é indivisível?

Ser dessa forma me permite viver momentos muito bons, guardar ótimas memórias e formar capítulos grandes da coletânea que é a minha vida. Mas, ao mesmo modo, os sentimentos são tão mais fortes que dependendo da situação eu posso sair mais ferida, com a dor invadindo cada parte do meu ser. 

As vezes parece que ela vai me sufocar, mas eu levanto para mais um dia, reflito sobre ela e deixo que o tempo a leve. Independente do que aconteça, no final do dia eu estou orgulhosa de mim, eu senti. Me permitir sentir. Tive coragem de viver.

Como dizia uma grande filósofa contemporânea kkkk: 

"Se a minha intensidade ainda for me matar, eu prefiro ser poesia e ter histórias para contar".

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